- Aumento da densidade populacional pressiona recursos naturais e exige mais produção alimentar
- A ciência dotou a agricultura de novos métodos mas trouxe desafios complexos
- Utilização de organismos geneticamente modificados (OGM) teve um efeito negativo nos produtores europeus
- Produtores de cereais europeus têm de enfrentar um mercado com preços distintos para o milho OGM e não OGM
- Milho, soja e algodão são as principais plantas transgénicas cultivadas globalmente
- Pela sétima edição consecutiva, o Prémio Nacional de Agricultura promove, incentiva e premeia os casos de sucesso da Agricultura e Agroindústria, Florestas e Pecuária em Portugal.
- Ao longo das últimas seis edições, as entidades organizadoras do prémio têm valorizado a aposta no aumento de competitividade, inovação e internacionalização dos produtos nacionais.
Uma nova realidade
Segundo as Nações Unidas (ONU), estima-se que em 2050 o Planeta tenha 9,1 mil milhões de habitantes, ou seja, mais 1,6 mil milhões de bocas para alimentar do que hoje. A área cultivável, porém, será a mesma. Segundo os especialistas, é urgente equilibrar esta equação. Uma das soluções para rentabilizar os recursos e não pressionar ainda mais o ecossistema passa pelo desenvolvimento da tecnologia alimentar, conforme reconhece o último relatório da FAO.
O aperfeiçoamento dos processos de produção, o desenvolvimento de produtos mais resistentes a pragas e mudanças climáticas com recurso a organismos geneticamente modificados (OGM) com melhoramento das suas qualidades nutricionais poderiam, idealmente, assegurar a nutrição e a saúde da população.
Por isso, a agricultura é um dos atuais grandes desafios para a ciência. A biotecnologia poderá ser fundamental na produção de vários alimentos. No presente, já há alguns exemplos: substâncias essenciais para a produção de pães, queijos, iogurtes e bolos, por exemplo, já são sintetizadas industrialmente com ajuda de bactérias, leveduras, fungos, algas ou até alguns tipos de vírus. Além disso, este exército microscópico ajuda a fabricar alimentos mais acessíveis economicamente, por meio de processos industriais controláveis. Mas, acima de tudo, é preciso garantir asegurança de todo o processo e também a aceitação do público, visto que esta é uma área que tem gerado aceso debate e muita controvérsia.
Libertação controlada
Os alimentos provenientes da biotecnologia alimentar fazem cada vez mais parte da realidade quotidiana. De acordo com dados da Direção-Geral de Saúde (DGS),o milho e a soja constituem o grosso de plantas transgénicas, mas também se produzem algodão, chicória e colza geneticamente modificados.
Na União Europeia, contudo, existem regras rigorosas sobre a a libertação de OGM no ambiente. Antes de ocorrer a libertação deliberada no ambiente ou colocação de OGM no mercado, ou de um ingrediente alimentar obtido a partir de OGM, existem vários aspetos relacionados com possíveis efeitos adversos para a saúde humana que têm vindo a ser analisados pelas instituições de saúde competentes, nomeadamente a sua patogenicidade, alerginicidade, transferência de genes de resistência aos antibióticos, estabilidade biológica da sequência genética inserida no OGM e a composição nutricional do produto GM em comparação com o mesmo produto não GM.
Segundo a DGS, as “questões que têm levantado mais polémica são, sem dúvida, o uso de genes marcadores que podem aumentar a resistência a antibióticos no homeme nos animais e de vírus e bactérias promotores e terminadores que podem permitir eventuais recombinações fora do hospedeiro”.
Veja aqui a entrevista completa com Luís Vasconcellos e Souza, Presidente da Agromais, a maior organização de produtores de cereais e hortícolas de Portugal.