Nota Informativa

31 de Maio de 2024
BCE- à beira de uma descida das taxas e não só | nota breve 31.05.2024
  • Salvo surpresas de última hora, o BCE vai baixar as suas taxas de juro em 25 p.b. (depo para 3,75%, refi para 4,25%), numa decisão largamente descontada pelos analistas e pelos mercados financeiros e que, a julgar pelas declarações, conta com o consenso de todo o Conselho de Governadores (CG).
  • Este corte é apoiado por uma moderação forte e sustentada da inflação nos últimos trimestres, pela confiança de que esta continuará a descer no futuro e pela constatação de que o endurecimento monetário está a ser fortemente transmitido, tem arrefecido a economia e atenuado os efeitos de segunda ordem.
  • Estas três razões são suficientemente fortes para que a redução de junho não seja um corte isolado, mas assinale o início de uma fase de flexibilização da política monetária.
  • A questão que o BCE tem de clarificar é a velocidade desta flexibilização, e tudo aponta para que seja gradual: 1) é natural que o BCE mantenha uma tendência anti-inflacionista após um longo período de inflação acima dos 2%; 2) os efeitos da segunda ordem são limitados, mas ainda não podem ser excluídos (demoram a materializar-se e os dados que os captam demoram a ser publicados); e 3) a maior cautela da Fed não deve comprometer o BCE, mas pode levá-lo a ser mais cauteloso.
  • Por outro lado, e para além de uma revisão em alta do PIB em 2024 devido a um primeiro trimestre melhor do que o esperado, não prevemos alterações substanciais nas novas previsões económicas do BCE, que se basearam em dados mais positivos sobre a inflação e a atividade, mas com uma curva de rendimentos um pouco mais restritiva (depo implícita em dez-2024 +30p.b. em relação à curva anterior) e preços da energia ligeiramente mais elevados.