1ª edição da BPI Innovation Summit

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Jornadas de inovação, tecnologia e empreendedorismo.
12-04-2019

Duas grandes escolas de negócios portuguesas – a NOVA SBE e a Porto Business School – foram palco da 1ª edição da BPI Innovation Summit, uma conferência de inovação, tecnologia e empreendedorismo, que reuniu os principais players do ecossistema empreendedor, tecnológico e investidor em Portugal.

A BPI Innovation Summit juntou os mundos corporate, académico e das start-ups para uma partilha de experiências e de networking, palestras de especialistas internacionais, debates protagonizados por fundadores de empresas, aceleradoras e investidores, culminando na atribuição dos Prémios Empreendedor XXI (PEXXI) às tecnológicas mais inovadoras com menos de três anos de atividade.

O arranque das jornadas coube a Sérgio Santos, Diretor de Banca Digital do BPI, com o tema dos desafios da inovação contínua e da transformação digital no contexto do BPI. A focar as palavras “transformação”, “contínua” e “contexto” como chave durante toda a intervenção, o gestor definiu a fábrica de transformação digital do BPI, baseada em metodologias ágeis adotadas há mais de dez anos, como “ter o Banco permanentemente preparado para a mudança”. Preparar a organização para a mudança faz parte da estratégia, com a inovação a ter de estar completamente alinhada com os objetivos do negócio. Esta não é uma receita única para todas as empresas, nem dentro do mesmo setor, porque ao dependerem do mercado onde atuam, dos segmentos, de todo um contexto, “todos os modelos de inovação centrados na transformação digital são diferentes”. Para se perceber o desafio que as empresas têm pela frente, Sérgio Santos fez uma analogia com “mudar as rodas de um comboio a alta velocidade”. Nesta evolução, e “para não perder o comboio”, o gestor realçou que o BPI tem um projeto para estabelecer parcerias com start-ups e aceleradoras para experimentar novas soluções, sempre com “risco controlado e com o driver nas necessidades dos Clientes.”

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Sérgio Santos, Diretor de Banca Digital do BPI

A primeira parte integrou outras duas intervenções de especialistas internacionais sobre tendências do setor e cenários a equacionar por start-ups e empresas estabelecidas para sobreviverem num mundo em contínua transformação. Em simultâneo, em salas contíguas, os finalistas dos PEXXI de Portugal – categoria Sul e Ilhas, em Lisboa, e Norte e Centro, no Porto - apresentavam os seus pitch a júris especializados.

Josemaria Siota, Research Director da IESE Business School, apresentou um estudo desta escola de negócios sobre o perfil das start-ups em Portugal e em Espanha – “as start-ups ibéricas geraram cerca de três mil empregos em 2017 e arrecadaram 166,3 milhões de euros, prevendo-se que este valor aumente cinco vezes em 2020”, e fez um conjunto de recomendações com base nesta informação. 

Iván Bofarull, Global Insights & Strategic Initiatives Director do ESADE, desafiou a audiência a repensar, radicalmente e de modo permanente, o seu modelo de negócio, através do “Moonshot Thinking”.  Ao mesmo tempo que a esperança média de vida dos humanos tem aumentado nas últimas décadas, a das empresas tem caído abruptamente. Só irão sobreviver as disruptivas, pelo que há que inovar na própria inovação e ir além de metodologias já utilizadas como Agile, Lean Start-up ou Design Thinking. Ao som de “Fly me to the Moon” de Frank Sinatra, Bofarull colocou gestores e empreendedores a refletir no que seria mais benéfico definir como objetivo para as suas empresas: crescer 10% ou 10X. O investigador defende que “se a solução não parecer ficção científica, não pertence ao universo moonshot” e, por isso, esta e “improve 10X, not 10%” são as premissas iniciais do seu “Moonshot Thinking Manifesto”. “Se quisermos reduzir o número de acidentes rodoviários em 10%, temos de pensar em novas soluções de segurança; se, por sua vez, os quisermos reduzir 10 vezes, temos de repensar toda a forma de se conduzir, e foi isso que levou à criação dos carros autónomos”, salientou. “É toda uma mudança de mentalidade, através da criação de cenários que ainda não existem, em colocar o foco no problema e não no produto”, como o faz a Google X, a Tesla, a SpaceX, a Amazon Go, a Uber, a Airbnb. “Porque se não o fizerem, outra empresa o fará”.

No segundo momento da BPI Innovation Summit, foram debatidos, em mesa redonda, “o papel das incubadoras no desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo em Portugal”, em Lisboa, e “a gestão do crescimento e criação de empresas globais”, no Porto. 

Na NOVA SBE, Pedro Rocha Vieira, CEO da Beta-i, moderou um painel constituído por Rui Santos Couto, da Founders Founders, Miguel Amaro, da Uniplaces, João Borga, da Startup Portugal e Carlos Silva, da Seedrs. Na Porto Business School, foi a vez de Cristina Fonseca, da talkdesk e da Indico Capital Partners, João Barros, da Veniam, e Luís Roque, da HUUB, fundadores de start-ups em diferentes fases de crescimento partilharem as suas experiências, sob a moderação de Rui Coutinho, Diretor do Center for Business Innovation da Porto Business School. Foi unânime dos participantes salientar que “a audácia torna a narrativa mais fácil” (Rui Santos Couto), que quem beneficiou do ecossistema criado nos últimos dez anos deverá contribuir para apoiar outros na construção dos seus negócios globais a partir de Portugal.

As jornadas culminaram na entrega dos PEXXI (ver abaixo). No Porto, realizou-se também a entrega da distinção Born from Knowledge, ao melhor candidato nacional “nascido do conhecimento científico e tecnológico” - a NU-RISE. Eduardo Maldonado, Presidente da Agência Nacional de Inovação (ANI) salientou a importância do trabalho da instituição que lidera de promover a passagem do “conhecimento de base para a economia”.
O encerramento da BPI Innovation Summit coube a Hélder Vasconcelos, Vice-Reitor da Universidade do Porto, e a Pedro Saraiva, Diretor da NOVA Information Management School.

Estiveram presentes start-ups e investidores e representadas algumas instituições, como a ANI, a Portugal Ventures, a PME Investimentos e a ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários, com espaços designados para networking. Estas jornadas foram organizadas pelo BPI em parceria com a Agência Nacional de Inovação, a Beta-i (Lisboa) e a Founders Founders (Porto).

Prémios Empreendedor XXI em Portugal

Carlos Trenchs, Diretor da DayOne, a divisão do CaixaBank especializada para empresas tecnológicas inovadoras e respetivos investidores, e membro do júri, partilhou a sua visão sobre o PEXXI que, em Espanha, leva já 12 edições. “Candidataram-se cerca de mil start-ups, das quais 300 portuguesas, a esta edição do PEXXI, iniciativa que reflete a Economia da Inovação, muito importante para o CaixaBank”.

Coube a Artur Santos Silva, Presidente Honorário do BPI, e a João Pedro Oliveira e Costa, Administrador, que encabeçaram os júris das categorias Norte e Centro, e Sul e Ilhas respetivamente, o anúncio das start-ups premiadas. Artur Santos Silva salientou que “Espanha e Portugal encontram-se a trilhar um caminho extraordinário de aceleração de mudança e a dar um grande salto na capacidade de gerar conhecimento”. João Oliveira e Costa destacou “o crescimento de 100% no número de candidaturas” numa demonstração de “vitalidade e confiança das start-ups portuguesas”.

A Pro-Drone, na categoria Sul e Ilhas, e a Exogenus Therapeutics, no Norte e Centro, foram as grandes vencedoras  com um prémio de cinco mil euros e uma bolsa para participar num programa internacional de crescimento empresarial em Silicon Valley ou em Cambridge. Um total de 300 start-ups portuguesas candidatou-se à 2ª edição dos PEXXI em Portugal, o que representa um crescimento de 100% face ao registado no ano passado, com o número de candidaturas em Portugal a aparecerem no top de um total de 19 categorias ibéricas.

Os Prémios Empreendedor XXI são uma iniciativa organizada pelo BPI e pela DayOne, que conta com a parceria da Agência Nacional de Inovação e o Alto Patrocínio do Ministério da Economia.